Foto - Encontro do Apostolado da oração - São josé - Jardim da glória
Zeca
Ele levanta da cama
Já reclamano da vida
Eta país...
Mas tenho que me conformar
Rabisca um “nome do pai”
Reza umas “ave maria”
E vai pro campo trabaiá
Com o Zeca é diferente
Levanta madrugadinha
Só pra vida, apreciá.
Oia a roça de milho
Pro lado do canaviá
Sente a planta nasceno
No fundo do seu quintá.
Emociona-se até
Com a melodia de um pardal.
Estica os óio pra frente
Pra ver o sol nascer
E sente-se integrado.
Pega a enxada com carinho
Capinano devagar.
Cheiro de mato e terra
Entrano por suas narina
É inspiração pra suas rima.
E O Outro pobre coitado,
Vai seguino a reclamar.
Ao seu redor não percebe nada.
O Zeca
Por volta do meio dia
Quando senta pra almoçá
Fecha os óio e fala com Deus.
Cada bago de arroz
É um presente que recebeu.
Assim passa o dia
Expandino felicidade
Coisa que O Outro não entende.
Quando chega à tardinha
Zeca pega a viola
E faz parceria com a passarinhada.
O sol se esconde
O pensamento vai longe...
Lembra de sua amada
E dedilha uma toada!
Pro Outro a noite é trevas
Pro Zeca, louvação.
Parece que o céu estrelado
Encontra-se com o seu chão
Apesar de seu corpo cansado,
Antes de fechá os óio
Pensa na lida do dia
Trabáio, paixão e poesia!
Autoria –Cida Araújo – Do livro (Desertos)www.cidaaraujo2007poetisa.blogspot.com
